DEMOCRACIA Y JUSTICIA

DEMOCRACIA É NOSSO LEMA!
JUSTIÇA É O NOSSO PROPÓSITO
A PAZ O NOSSO OBJETIVO.!

LA DEMOCRACIA ES NUESTRO LEMA
LA JUSTICIA NUESTRO PROÓSITO
LA PAZ NUESTRO OBJETIVO!

quinta-feira, 23 de dezembro de 2021

O TERREMOTO QUE DESTRUIU MANAGUA EM 23 DE SET. 1972

   


Eram passadas 35 minutos da meia noite, no dia 23 de Dezembro de 1972, que eu presenciei um dos acontecimentos que entre outros, iriam marcar a minha alma nesta existencia, na minha  passagem neste planeta de provas e expiações : o terrível terremoto que em questão de menos de meio minuto, destruiu o centro da capital da Nicarágua : Managua. Tinha 12 anos na época e recém tinha me mudado para morar com a minha irmã (por parte de mãe) num bairro perto do centro da capital, pois meu pai tinha falecido no começo do ano e a minha mãe não tinha condições económicas para se auto sustentar.  

Era véspera de natal e as ruas e o comercio se encontravam enfeitadas, lotadas, recebendo visitantes de outras localidades estando por tanto os hotéis, pensões e pousadas e casas de parentes cheios . Nessa noite houveram dois pequenos tremores de terra-  que são comuns na terra de lagos e volcaês-  que passaram desapercebidos pois a maioria se encontravam no frenesi do consumo percorrendo as lojas.

Duas horas depois, uma sacudida de terra estrondosa, que lembro como se fosse hoje, nos acordou seguido dos gritos da minha mãe clamando por Deus, correndo para junto dos netos e de mim para com um abraço tentar nos proteger. Segundos depois foi a vez da minha irma e cunhado se juntar, e assim que a terra parou de tremer, saímos todos correndo para fora da casa tropeçando nos moveis pois não havia energia elétrica.

La fora os vizinhos também em pijamas em estado de choque gritavam: TERREMOTO! No horizonte podia se ver o céu avermelhado e cheio de fumaça. A lua cheia parecia ensanguentada. Esse sinal já fora percebido antes da tragédia . Era um pesadelo de magnitude 6,2 da escala de Ritcher  (que mede a energia liberada por um terremoto e que vai de 2,0 e 6,9) e que em questão de segundos deixou aproximadamente 19,500 mortos (esses números são aproximados pois teve corpos que nunca foram possível de resgatar dos escombros dos prédios que caíram) e mais de 20 mil feridos além dos prejuízos materiais de toda a infraestrutura da capital da nação destruída.

Assim que passou o susto,  nos dirigimos a pé a casa do meu outro irmão que morava num bairro pegado ao nosso. Foi ali que começaram a chegar notícias do que tinha acontecido no centro da capital, distante a uns 10 minutos de carro. Pessoas feridas e mortas começavam aparecer trazidas por parentes que moravam no bairro,  pois os hospitais e postos de saúde, estavam a maioria destruídos e outros semidestruídos.

Assim que amanheceu, eu corajosamente decidi ir para ir pra casa tentar pegar leite para meu sobrinho que era bêbê apesar dos protestos da minha mãe e irmã  pois existia a possibilidade de novos terremotos, mas mesmo assim me dirigi pra lá e percebi  que a casa estava em pé porém com varias rachaduras nas paredes;  qual não foi o meu susto que quando vinha no caminho de volta aconteceu um novo tremor de terra,  mas que desta vez senti nas plantas dos meus pês (no anterior eu estava dormindo). Foi uma sensação apavorante sentir que o chão que te sustenta vira um pudim e começa a balançar! Corri para me proteger embaixo de uma árvore e segundos depois que parou o tremor comecei a vomitar!

A casa dos meus irmãos, assim como as outras casas do bairro quase não sofreram danos porque eram longe do epicentro do terremoto -que foi no coração da capital- e também porque tinham sido construída com material moderno (cimento)  – a maioria das construções do centro eram construções antigas feitas de um material mistura de cimento e barro.

Horas depois embarquei no jeep, com meu cunhado para tentar chegar perto do centro para saber do paradeiro de alguns parentes e amigos mas fomos impedidos pelas forças policiais e pelas enormes rachaduras que surgiram nos solo assim como os incêndios que se alastravam por todo lugar,  agravado pela destruição do prédio do único corpo de bombeiro e pelo rompimento das tubulações de agua; estes incêndios iriam durar cerca de alguns dias e somente foi controlado graças as bombeiros de outros municípios e países que chegaram ajudar. Todos os serviços públicos deixaram de funcionar: agua potável, telecomunicações, esgoto, energia elétrica, etc. e quase todos os hospitais foram derrubados. A indústria que funcionava na capital assim como o comercio na sua grande maioria, tudo veio abaixo! 600 quarteirões ficaram destruídos e mais de 50 mil vivendas viraram escombros. Aproximadamente 300 mil pessoas ficaram de uma hora para outra sem lar!

 Gente fugindo por todos os meios possíveis, levando consigo somente a roupa do corpo. Encontramos no caminho muitas pessoas feridas com curativos improvisados. Eram gritos choros por todas as partes. Algumas pessoas imploravam por uma carona outros por um copo de agua e nós sem poder dar nem um nem o outro! Eram cenas dantescas de filmes que futuramente iria ver nas telas de cinema e TV que tratam de tragédias coletivas.

Quem teria me dito que iria presenciar algo parecido 7 anos mais tarde na revolução sandinista de 1979 da qual infelizmente participei! Dor e sofrimento coletivos! 

Acredito no carma, individual e coletivo. No caso da minha pátria Nicaragua o carma coletivo é pesado: com guerra, ditaduras corruptas, terremoto, pobreza (junto com Haiti somos os 2 paises mais pobres da américa) . Na minha pátria adotiva Brasil não tem  TODO esse carma coletivo. Somente a corrupção! Pelo menos até agora!.