DEMOCRACIA Y JUSTICIA

DEMOCRACIA É NOSSO LEMA!
JUSTIÇA É O NOSSO PROPÓSITO
A PAZ O NOSSO OBJETIVO.!

LA DEMOCRACIA ES NUESTRO LEMA
LA JUSTICIA NUESTRO PROÓSITO
LA PAZ NUESTRO OBJETIVO!

sábado, 16 de abril de 2022

AS CICATRIZES DAS GUERRAS

 











“Somente peço a Deus, que a guerra não me seja indiferente” (Mercedes Souza)

Somente quem já passou por uma guerra sabe como ela e dolorosa e deixa uma cicatriz indelével  na psique das pessoas envolvidas, tanto os combatentes como os que indiretamente sofrem as consequências, me refiro a população civil não combatente, os que não estão envolvidos diretamente no confronto por um motivo u outro, a população dita civil.

Tive a infelicidade de participar da insurreição armada conhecida como Revolução Sandinista que se deu em Julho de 1979 que culminou com a derrocada da ditadura dos Somozas na Nicaragua.  Participei na luta urbana (na cidade) enquanto se travava a luta em campo aberto no sul do pais na fronteira de Costa Rica. A estratégia era fazer dois fronts de luta, uma convencional e outra na forma de guerrilha urbana nas principais cidades do pais, dividindo assim o poderoso exercito somocista.

Nos bairros populosos de Managua – onde eu morava - começaram a aparecer grupos armados com armas que davam a população após um rápido treinamento, para poder enfrentar o exército e a polícia sediada na capital que viria para restabelecer a ordem.  Estas armas eram a maioria de caça, e poucos rifles obsoletos Fal, e Garangs  que iam sendo substituídos a medida que  “recuperávamos” os fuzis dos soldados mortos, e bombas de fabricação caseira;  eu comecei usando uma pistola 9 mm que peguei á força  do meu ex cunhado e posteriormente usei uma M-16 recuperada.

 Barricadas com os tijolos das calçadas e avenidas eram levantadas para poder enfrentar o exército. Este levante, conhecido como a “Ofensiva Final”  ou “Insurreição armada”  teve uma dura e desproporcional resposta militar de parte do do governo com tanques, metralhadoras de grosso calibre, e principalmente com bombardeios vindos de aviões. Muitos dos meus companheiros foram mortos e feridos, eu tive a sorte de sair ileso. 

As armas que eram usadas não se comparam com os misseis usados atualmente com alto poder de destruição, naquela época eram usados pelo exercito ,lança morteiros e  “rockets” de aviões da força aérea que indiscriminadamente destruíam quase meio quarteirão, com baixas tanto do lado civil como militar. E isto foi o que mais deixava amedrontado e revoltado tudo mundo, pois os “assassinos da FAN” como eram chamados os pilotos dos aviões da Força Aera Nicaraguense, deixavam cair suas bombas de maneira indiscriminada o que causava grande destruição e baixas na população civil.

Era dantesca a cena daqueles corpos destroçados no meio dos escombros, alguns já mortos outros gravemente feridos, gritando de dor, sendo resgatados com mãos, pás e picaretas e levados a hospitais de campanha improvisados onde não existia a mínima infraestrutura nem material hospitalar nem corpo médico para poder atenuar a dor ou salvar vidas. Quando se podia furar o bloqueio do exército e se conseguia chegar ao hospital com algum ferido, este era recebido pelos militares como sendo um eventual combatente sandinista  e era morto ou preso na hora. Os cadáveres eram enterrados em valas comuns, na maioria das vezes sem a presença de nenhum parente, outras vezes- quando não haviam condições-  eram incinerados; isto foram as cenas que mais me impressionaram, pois que os corpos em fogo pulavam como se estivessem vivos!   

Enquanto isso, na fronteira com Costa Rica , se travava a verdadeira batalha, isto é, a guerra convencional, , em campos e montanhas, sem casas e civis no meio, entre ambos exércitos, o sandinista, como força guerrilheira irregular,  e o exercito de Somoza , ambos bem treinados e equipados militarmente e com um  hospital sediado em território costastarriquenho. Aqui não havia civis no fogo cruzado, não existiam “escudos humanos” ou vítimas inocentes.. 

Isto me fez pensar como eram mais práticas-  pelo menos em termos de baixas da população civil-  os confrontos militares  de antigamente onde a maioria se davam de peito aberto, de corpo a corpo e em campos de batalhas previamente estabelecidos. 

Ja estando no Brasil, nos anos 80´s, estourou outra guerra, chamada da Guerra dos Contras, mas esta era nas montanhas  e não na cidade, a população civil foi poupada do conflito. Agora os guerrilheiros eram um exercito regular e treinados por Cuba e a União Soviética  e os ex militares somocistas junto com outros rebeldes eram os que agiam como guerrilha!  

Ante a atual guerra surgida pela ignominiosa invasão da Russia na Ucrania, em que vemos em tempo quase real o alto poder de destruição das armas modernas arrasando cidades inteiras (eu somente   pude presenciar quarteirões sendo arrasados por bombas hoje consideradas obsoletas ) e vendo milhares de civis sendo mortos indiscriminadamente e outros milhares tendo que abandonar suas casas para fugir; presenciando a dor e o pranto de tantos inocentes por causa de um ditador megalomanicaco,,  a cicatriz que ficou gravada na minha mente abriu-se  novamente enquanto meus olhos choram e o meu coração sangra de dor! E difícil eu ficar neutro ou indiferente! .

Enquanto isso, os governantes das minhas duas pátrias agem de maneiras quase idênticas porém de diferentes perspectivas ante o conflito: O da Nicarágua por ser aliado ideológico –pois que ditaduras se atraem mutuamente e ambos possuírem a mesma retorica anti americana - apoia a invasão russa  , e o do Brasil se mantem neutro visando ganhos do ponto de vista econômico já que a Russia é o maior fornecedor de defensivos agrícolas.  

Enquanto os nossos irmãos ucranianos resistem e morrem heroicamente, aqui na terra estão jogando futebol, tem muito Funk, carnaval, Lollapalooza ,  e Rock in Rio!