UM MILAGRE CHAMADO RENATA
(Ou o Renascimento de Renata)
O nome Renata: Significa "renascida",
"ressuscitada" ou "nascida pela segunda vez".
O que é milagre? diz respeito a um fato ou um
acontecimento que nos provoca surpresa, admiração e até certa dose
de incredulidade, por tratar-se de algo inusitado, ou extraordinário e incomum.
Milagres acontecem todos os dias, das diferentes maneiras. As
curas milagrosas são as mais comuns, independentemente do método utilizado e da
causa atribuída. Não vou entrar no mérito da questão se são coisas explicadas a
luz da ciência ou das Leis Naturais (Divinas) ainda ignoradas pelo
homem. Vou narrar o que aconteceu com a minha filha Renata que hoje faz
aniversario. Deixo para vocês opinarem se foi milagre ou não.
Corria o ano de 1986 em Itabuna, Bahia. A minha esposa engravidou
. Possuíamos um dos melhores planos de saúde da época: A Golden
Cross. Por desejo dela, procuramos por Obstetras mulheres e nos foi
indicada uma das mais conceituadas profissionais da cidade que atendia
pelo plano.
Nas primeiras consultas do pré-natal, como de praxe, foram pedidos
exames laboratoriais e de imagem. Tudo corria bem até que á partir
da 7ª á 8ª semana a mãe de Renata começou a sentir dores
agudas no ventre que eram revertidas somente após aplicação de injeções
analgésicas (Buscopan) prescritas pela profissional. Como eu morava perto do
meu trabalho (3 a 4 quarteirões), cada vez que as dores apareciam, a empregada
ou a minha esposa batiam na extensão do telefone que ficava em casa (não
existia celular na época) e eu me deslocava correndo do meu
consultório para o meu lar para aplicar a injeção. Foi
assim durante algum tempo. As dores foram aumentando progressivamente na medida
que avançava a gravidez e a Obstetra continuava acompanhando os exames clínicos
e de imagem e prescrevendo o forte analgésico
até que um dia recebi um telefonema dela, me dizendo para preparar a
minha esposa, pois teria que ser submetida a uma cirurgia de
urgência para a retirada do feto nos próximos dias Me disse que ela
tinha consultado outros colegas especialistas em Salvador, e que o
diagnostico era de Gravidez Tubária e que o caso era grave, pois a minha esposa
correria riscos de vida. Me disse ainda que essa equipe de Salvador estaria
vindo nos próximos dias para operar vários casos, dentro dos quais o da minha
mulher. Assim, sim mais nem menos! Eu gelei na hora!!
Ao desligar o telefone comecei a suar frio e me desesperar. Pedi a
secretaria para desmarcar os pacientes do dia, tomei um copo de água e
depois sai com as pernas bambas em direção a casa para dar a triste notícia a
minha conjugue. Por intuição -ou por aviso espiritual- decidi mudar o trajeto
que sempre fazia a pé do meu consultório para casa, situada na rua Sóstenes de
Miranda, e passar pela igreja matriz de São José.
Era quase meio dia e naqueles tempos a igreja ficava aberta.
Adentrei, não tinha uma viva alma fora a minha, me ajoelhei , chorei e implorei a Deus por uma resposta ante terrível dilema que se me apresentava:
sacrificar uma vida para salvar outra! (Para os que não sabem, a vida começa
logo após a concepção e o ser que ali se encontra começa a ter percepção das
coisas que acontecem ao redor e não somente quando nasce. Isto a ciência já
comprovou!)
Pedi a intercessão de nossa Senhora Imaculada Conceição de
Maria e seu esposo São José padroeiro da cidade. Após alguns minutos de oração
o meu coração foi se acalmando e uma paz interior foi tomando conta de mim.
Sentia-me mais leve. Como se Deus já tivesse me ouvido.
Ao sair da igreja, já quase a uma hora da tarde, alguém
buzinou e gritou meu nome. Era o meu amigo Dr.Bonfim (O Nego Bonfa para
os íntimos) que além de amigo, era junto com a sua família meu paciente
odontológico. Ofereceu-me carona, aceitei. Ao me ver abatido- coisa rara em
mim- me perguntou o que estava acontecendo e eu lhe contei. Ele me pediu
algumas informações técnicas sobre o quadro clinico da
minha companheira e me pediu que o procurasse no
consultório- que ficava na Av.
Cinquentenário, se não me equivoco era a antiga COTEF- e pediu que
levasse junto a paciente e os exames de imagem que tinha. Quando cheguei em
casa , esperei o momento adequado e falei para minha esposa da situação. Ante a
gravidade do assunto, ela deixou de lado qualquer preconceito e decidiu ir a
consulta com o meu amigo.
Antes de seguir com a historia, algumas considerações sobre quem era O
Dr. Olivaldo Santos Bomfim, o “Nego Bomfa"”,
Médico Ginecologista Obstetra de origem humilde, formou-se com
muita dificuldades pela UFBA e naquela época não
existiam quotas raciais, Pro-Uni, nem FIES, para jovens pobres que
aspirassem a fazer curso superior. O Bonfa se virava fazendo bicos e
como ele mesmo me contou, tinha vezes que ele trazia para dentro da sala de
aula as trouxas de roupas que a mãe lavava para depois leva-las para os
clientes. Nunca me contou sobre
descriminação ou Bulyng. Em
Itabuna era o obstetra e parteiro das grávidas pobres que vinham da periferia e
da roça para parir em Itabuna, pois ele se disponibilizava- mais que outros
colegas da sua especialidade- a fazer os partos pelo INSS (hoje SUS) que
pagava-e ainda paga- uma miséria por cada parto. Prestou seus serviços por
muitos anos no Hospital da Mãe Pobre, Manoel Novaes, e Calixto Midlej onde
Renata "renasceu". Ele chegava a fazer até 10 partos por
dia!. A quantidade de crianças pegos na chegada ao mundo pelas mãos
enormes e negras do Dr. Bonfim em Itabuna e nos municípios
circunvizinhos foram incontáveis e não constam nas estadísticas do SUS. Se
existisse um premio pela quantidade de partos realizados pelo SUS na região,
naquela época, sem lugar a duvida o Dr. Olivaldo Bonfim teria ganho.
Voltando a historia, chegando ao consultório do meu amigo, este depois
de examinar as imagens, que naquela época consistiam principalmente de
ecografias-que são em duas dimensões e não como agora, mais moderna : a tomografia em três dimensões- e fazer o exame clinico da paciente e a anamnese (entrevista do
medico com o paciente), chegou a conclusão diagnostica de que não era
gravidez tubaria! Que seria necessárias outros exames mais apurados
para chegar a um diagnostico mais definitivo. Dito isto, pedi para ele ligar
para a colega e conversar com ela a respeito da nova hipótese diagnostica. Eu
confiei mais no diagnostico dele, não por ser meu amigo, senão pela experiência
profissional adquirida ao longo dos anos atendendo centenas de grávidas nos
hospitais, postos de saúde e sindicatos da região.
Do outro lado da linha a doutora não gostou da opinião do colega e começou
uma discussão, até que em determinado momento, movido por impulso divino
ou por medo extremo, tomei o telefone do meu amigo e claro e grosso falei:
“ Doutora fulana... me desculpe, mas neste momento estou passando o
caso da minha esposa para o doutor Bom Fim. Por favor passe a cobrança
dos seus honorários com a minha secretária .Muito obrigado por tudo” .
E desliguei!
Foram solicitados outros exames de imagem, mudou-se a medicação
analgésica, O Dr. Bom Fim foi acompanhando a evolução da gravidez e sendo que no dia 25 de Fevereiro de
1987, começando o carnaval em Itabuna, um dia que jamais esquecerei nem
depois de morto, me encontrava ajoelhado rezando no quarto do hospital
Calixto Midlej aguardando super ansioso o termino da cirurgia cesariana a que
minha esposa estava sendo submetida, quando sem bater, de repente, se abre
a porta e aparece o Bonfim com aquele sorriso enorme que lhe
era característico, " do dente do queiro a dente do queiro" com a
Renata nos braços, toda melecada daquela substancia branca pegajosa que os
recém nascido trazem na pele (Vérnix), envolta em panos cirúrgicos .Me
estendendo ela para meus braços me dize em tom seco e curto - Aqui esta
a tua filha- e pegando ato seguido das mãos de uma auxiliar que o
acompanhava um pano cirúrgico com um
cisto do tamanho de uma laranja baiana envolto em gazes dentro completou:
- e aqui esta a “gravidez tubária-!
Depois vim saber que, o que seria uma superposição de imagem de um cisto
ovariano junto ao feto, fora diagnosticada erradamente, como gravidez
tubária. Isto me fez lembrar uma frase “A experiência e o exame clinico são
soberanos” e o meu velho amigo , El
Negrón Bomfim, era craque na sua área. O meu amigo Bonfa certamente foi instrumento de Deus
para a realização do milagre do renascimento de Renata! Deus se utilizou de um
anjo negro que gostava de Whisky ao estilo Cowboy e de mulheres!
Dois anos depois, eu estava sentado no sofá assistindo o carnaval pela
T.V fazendo Renata dormir, ela deitada
de bruços ao meu lado já tinha
caído em sono profundo, quando de repente sentou-se e falou pra mim
com o bico na boca e com aquela vozinha doce de criança: " Pai, eu
conheço você desde quando você era deste tamanhinho- e fez aquele
gesto com os dedinhos indicador e polegar, deitando novamente e continuando a
dormir.
Eu fiquei perplexo com isto! Anos mais tarde, ao tomar conhecimento da Lei
da Reencarnação, pude supor que Renata seria um espirito reencarnado
da minha linhagem familiar (deve ter sido a minha mãe) e que tínhamos
ligações espirituais de outras vidas.
Hoje Renata já se tornou uma mulher adulta, e tem sido uma benção na minha vida e na vida dos que a rodeiam. Não é porque seja minha filha, mas modéstia a parte, ela é muito linda espiritual e fisicamente e bem dotada intelectualmente, tendo realizado os sonhos na área técnico, cientifico e profissional que eu não consegui realizar. Ela é uma "alma velha" que me conheceu no passado "quando eu era bem pequenininho" e que veio nesta encarnação para me ajudar, impulsionando a minha evolução espiritual.
TO
BE OR NOT TO BE! THAT´S THE QUESTION!